Há duas semanas, durante o programa Superpop, da Rede TV, a modelo Monara Queiroga revelou que perdeu um dos seios por causa de uma infecção por bactéria hospitalar após cirurgia plástica, depois de colocar prótese de silicone. O caso ocorreu há cerca de três anos.
Segundo a artista, ela sofreu por três meses, entrando em salas de cirurgia e tomando diversos medicamentos.
“Achei que ia morrer. Fiquei com um buraco no seio direito pois a bactéria comia toda a pele, por isso perdi meu seio e tive que ficar um ano sem prótese.”
Wendell Uguetto, cirurgião plástico do Hospital Israelita Albert Einstein e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, reforça que, embora a cirurgia para colocação de próteses seja uma das que oferecem menor risco, é preciso que a paciente tenha cuidados fundamentais desde a escolha do hospital e profissional até o pós-cirúrgico.
Ele explica que a contaminação ocorreu, provavelmente, depois de algum ponto abrir e deixar a prótese exposta.
“Isso acontece por causa de uma bactéria altamente patogênica, que é resistente a antibióticos. E como o medicamento chega ao corpo, mas não na prótese, faz com que o quadro clínico só piore”.
Assim como ocorreu com a modelo, nesse tipo de caso, o melhor tratamento é a retirada do silicone.
“Ela disse que a bactéria comia a pele. Isso é um termo leigo para o que ocorreu. Na verdade, a prótese ficou contaminada e por isso precisou ser retirada”, explica o cirurgião plástico.
Para colocar uma nova prótese, a paciente precisa passar por um processo de recuperação e o médico avalia se é possível fazer um novo implante.
Implante de silicone é uma cirurgia de risco?
Diferentemente de uma lipoaspiração, que tende a ser mais agressiva, fazer implante de silicone nos seios é um tipo de cirurgia de baixo risco. Segundo Uguetto, os problemas mais comuns são infecções, entre elas por bactéria hospitalar após cirurgia plástica, rejeição à prótese e insatisfação com o resultado.
Por isso ele reforça que, ao procurar um profissional, certifique-se se ele é de fato um cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Além disso, escolha profissionais que realizem cirurgias em hospitais. “Nunca faça em clínicas. Se houver qualquer intercorrência durante a cirurgia, é muito mais fácil tratar de um paciente no ambiente hospitalar”, diz.
E desconfie sempre se o preço estiver muito abaixo do mercado. Normalmente, profissionais que oferecem um grande desconto podem trabalhar com próteses falsas ou de má qualidade aumentando o risco de infecções.
Como a justiça brasileira tem julgado casos de infeção por bactéria hospitalar após cirurgia plástica?
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) entende e tem decidido que o hospital possui responsabilidade objetiva. Isso significa que os estabelecimentos hospitalares são fornecedores de serviços, e, como tais, respondem diretamente pelos danos causados aos seus pacientes.
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Além disso, mesmo com o entendimento majoritário do STJ, alguns juízes entendem a necessidade de demonstrar uma falha do estabelecimento hospitalar na prevenção de IRAS para eventual condenação frente aos danos provocados pela doença.
Porém, mesmo nessas situações, a paciente possui a inversão do ônus da prova. O que significa que cabe ao estabelecimento hospitalar atestar e comprovar que obedeceu aos procedimentos que a Lei determina para prevenção de IRAS; caso contrário, instala-se a responsabilidade da instituição “pela falta no dever de constituir e implantar esses procedimentos.”
Para exemplificar, vejamos o entendimento do TJMT:
Uma mulher de 47 anos recebeu R$ 91 mil por danos morais, materiais e estéticos após uma cirurgia plástica realizada no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá.
Ela foi infectada com uma micobactéria. A vítima realizou procedimentos para a colocação de próteses de silicone nos seios e abdominoplastia para correção de flacidez. A decisão é da juíza Edleuza Zorgetti Monteiro Silva, da 5ª Vara Cível da Comarca de Cuiabá.
Como vimos, infelizmente, tem sido cada vez mais frequente, casos de bactéria hospitalar após cirurgia plástica. Se isso ocorrer, apesar do momento delicado que enfrentar, é importante buscar registrar a evolução da paciente, guardar receituários médicos, exames e ao decidir ajuizar uma ação, solicitar cópia integral do prontuário médico!
Após, busque o apoio da Defensoria Pública da sua região, ou advogado especializado na área da saúde para orientá-la.
Fiquem atentas aos seus direitos!
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Abraços,
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Advogada Rita Soares
Defesa do seu bem mais precioso: a vida com saúde!
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