Preenchimento com PMMA é seguro? Saiba os riscos e direito da paciente!

Com má fama, PMMA não deveria ser usado para fins estéticos, dizem médicos.

O preenchimento com PMMA é um procedimento estético que tem conquistado muitos adeptos devido à possibilidade de corrigir imperfeições por meio de um método pouco invasivo, baixo custo e com a promessa de ser definitivo. Neste texto, vamos esclarecer se preenchimento com PMMA é seguro, autorização da Anvisa, posicionamento das Sociedades Médicas e direito das pacientes em caso de complicações.

Você sabe o que é PMMA?

O PMMA é a sigla para polimetilmetacrilato, um polímero com propriedades termoplásticas que começou a ser usado na década de 1990 no Brasil.

Fique atenta: é um composto de microesferas de acrílico comercializado com diversos nome como: metacril, pexiglass ou lercite! 

Em outras palavras, ele é um tipo de plástico usado para preenchimento permanente através da bioplastia.

Este preenchimento faz referência principalmente ao volume de glúteos, mas também promete mudar os volumes faciais e redesenhar o rosto e outras partes do corpo. Assim, a bioplastia pode ser usada para corrigir rugas ou marcas de expressão, aprimorar os contornos do rosto, corrigir imperfeições no nariz e aumentar o volume dos lábios ou dos glúteos, por exemplo.

O preenchimento com PMMA é seguro?

Para você entender melhor, vamos explicar como essa substância age no seu corpo. Qual aplicado, o PMMA envolve as estruturas daquela região como músculos, gordura e tendões. Dessa forma, gera um volume à região aplicada com efeito permanente.

Segundo a cirurgiã plástica Fabiana Catherino (@drafabianacatherino), são produtos tóxicos e perigosos. Quando injetado, o PMMA jamais será absorvido pelo corpo. Eles ficarão encapsulados, pois o corpo tenta isolá-los como corpo estranho.

Dessa forma, quando aplicado, o PMMA se solidifica e se adapta à forma para o qual foi direcionado.

PMMA é seguro?

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Cirurgiões plásticos e dermatologistas não recomendam o uso de PMMA.

Preenchimento com PMMA não é recomendado! Vamos direto ao ponto: você sabia que a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) nem a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) NÃO recomendam o uso do produto para fins estéticos?

Segundo médicos das entidades, a única exceção seria o uso do preenchimento facial em pessoas com HIV/Aids, para corrigir a lipodistrofia causada pelos medicamentos.

Segundo o CFM (Conselho Federal de Medicina), quando usado em grandes quantidades, o PMMA não é seguro, tem resultados imprevisíveis a longo prazo e pode causar reações incuráveis, como inflamações, nódulos, necrose e até a morte.

No censo de 2017 da SBCP, a entidade incluiu pela primeira vez dados sobre as sequelas dos implantes com PMMA devido ao aumento no número de complicações. Em 2016, foram feitas 4.432 cirurgias plásticas para corrigir defeitos decorrentes da aplicação da substância, de um total de 664.809 operações reparadoras.

O total de complicações, porém, é bem maior, segundo pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo (SBCP-SP). No mesmo ano de 2016, houve mais de 17 mil registros em todo o país.

Para a maioria dos cirurgiões plásticos ouvidos pela entidade, o produto deveria ter seu uso e comercialização banidos do mercado nacional.

A ANVISA autoriza o uso de PMMA?

Talvez você ainda não saiba, mas todos os produtos usados em procedimentos médicos e estéticos em comercialização no Brasil precisam ter registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão responsável pela avaliação quanto à segurança, eficácia e qualidade dos produtos. Somente após a análise técnica da agência, esses produtos são liberados para venda e uso, visando à proteção do paciente e do consumidor.

A Anvisa, permite o uso de preenchimento com PMMA, masssss nas seguintes condições:

     1. O produto deve ser autorizado pela Anvisa

Um dos produtos que contém PMMA é o Biossimetric, fabricado pela MTC Medical Comércio Indústria Importação e Exportação de Produtos Biomédicos Ltda, que exige aplicação por profissional médico habilitado. Possui grau de risco III – alto risco e seu registro é válido até 13/07/2024.

O outro produto é LINNEA SAFE, fabricado pela Leblon Produtos Químicos.  Classificado como grau de risco III – alto risco e seu registro é válido até 06/02/2027.

      2. O produto está autorizado APENAS para as seguintes finalidades:

  • Correção de lipodistrofia – alteração no organismo que leva à concentração de gordura em algumas partes do corpo, provocada pelo uso de antirretrovirais em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

  • Correção volumétrica facial e corporal, que é uma forma de tratar alterações, como irregularidades
    e depressões no corpo, fazendo o preenchimento em áreas afetadas por meio de bioplastia.
    Fique atenta: há limites de aplicação!

       3.  A aplicação deve obedecer os seguintes limites:

A concentração de PMMA no produto varia e há indicações claras dos locais do corpo onde as aplicações podem ser feitas. De acordo com o fabricante, o produto pode conter 5, 10, 15 ou 30% de polimetilmetacrilato, apresentado em seringas plásticas de 1,0 mL ou 3,0 mL. Conforme a concentração do PMMA, o produto deve ser injetado nos locais descritos a seguir:

  • Biossimetric com 5% de PMMA: deve ser injetado na derme profunda.
  • Biossimetric com 10 ou 15%: deve ser injetado no tecido celular subcutâneo.
  • Biossimetric com 30%: deve ser injetado a nível intramuscular ou justa periosteal ou pericondrial.

De acordo com as orientações do fabricante, aprovadas pela Anvisa, a dose utilizada é aquela estritamente necessária para a correção de defeitos tegumentares ou da pele. Portanto, depende de avaliação médica.

Nos casos de atrofia tegumentar da face secundária à AIDS, por exemplo, o fabricante do Biossimetric descreve que a quantidade necessária varia de 4 a 12mL para cada lado do rosto. Já em uma sequela de poliomielite com atrofia de musculatura da panturrilha, a dose utilizada se situa em 120mL, dependendo do volume desejado para a correção. Tal volume pode ser implantado de uma vez ou em etapas sucessivas, com 45 dias de intervalo, dependendo da elasticidade da pele de cobertura.

        4. Somente por profissional médico

É muito importante ressaltar que, conforme informações aprovadas pela Anvisa, o produto deve ser administrado por profissionais médicos treinados. Ou seja, profissionais FORMADOS EM MEDICINA e devidamente especializados.

Para cada paciente, o médico deve determinar as doses injetadas e o número de injeções necessárias, dependendo das características cutâneas, musculares e ósteocartilaginosas de cada paciente, das áreas a serem tratadas e do tipo de indicação.

      5. Não é indicado para aumento de volume

A Anvisa esclarece que o produto não é contraindicado para aplicação nos glúteos para fins corretivos, o que é diferente de fins estéticos, ok? Além disso, não há indicação para aumento de volume, seja corporal ou facial.

Cabe ao profissional médico responsável avaliar a aplicação de acordo com a correção a ser realizada e as orientações técnicas de uso do produto.

Direito da paciente após preenchimento com PMMA

Se você não tinha conhecimento destas normas da Anvisa e recomendações médicas e fez uso de PMMA, é importante que assim que tiver alguma complicação, procurar pelo atendimento médico.

Caso o profissional que tenha feito a aplicação seja médico, tenha violado as normas da Anvisa e tenha descumprido as orientações do próprio Conselho Federal de Medicina, da Sociedade Brasileira de Dermatologia ou de Cirurgia Plástica, ele poderá ser responsabilizado pela via administrativa e judicialmente, na esfera cível.

Se o profissional responsável pela sua aplicação, for biomédico, esteticista, dentista ou demais profissionais não-médicos, ele incorre no crime de exercício ilegal da medicina, em alguns casos também pode ser incluído no crime de falsidade ideológica e poderá ser responsabilizado na esfera penal, cível e administrativa.

Por fim, você ainda considera preenchimento com PMMA é seguro?

Informe-se e lute pela sua saúde e justiça!

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Advogada Rita Soares
Defesa do seu bem mais precioso: a vida com saúde!
Email: contato@ritasoares.adv.br
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